Reconciliação de Jeitosinha e Thiago
A família finalmente percebeu que Ambrósio estava desaparecido. Ele
não havia voltado da pescaria nem dado sinal de vida. Marilena chamou
a Polícia, que pareceu não dar muita importância à ocorrência. Os dois
policiais fizeram poucas perguntas, anotaram um boletim de forma
burocrática e se foram em poucos minutos, levando uma foto do homem.
Jeitosinha chegou em casa quase na hora do almoço. Os irmãos não
perceberam que ela passara a noite fora, mas sua mãe sim.
- Onde você estava? - perguntou. Jeitosinha ignorou a abordagem.
Sorte sua seu pai não estar por aqui. Ele não ia gostar disso... -
insistiu Marilena, com um tom seco de reprovação na voz. A resposta da
filha foi carregada de ironia:
- O que poderia preocupá-lo, mamãe? O risco de que eu perca a
virgindade ou volte grávida para casa?
Marilena tentou acariciar o cabelo da filha, que afastou sua mão com
um gesto brusco.
- Não me encoste! Eu odeio você! Um fio de lágrima escorreu pela face
esquerda da sofrida mãe.
- Querida... Você é tão jovem... Tem uma vida pela frente! Ainda há tempo
de encontrar a felicidade...
- Como eu poderia ser feliz? Eu sou uma mulher aprisionada no corpo de
um homem!
- Veja o lado positivo... - tentou consertar Marilena - Você não tem
tensão pré-menstrual, não precisa sentar-se em privadas sujas de
boate... Mantenha a calma e a resignação. Você ainda encontrará algum
homem que a aceite como você é!
"Sim", conjecturou Jeitosinha. "Este homem talvez seja Thiago. Mas
como ele estará se sentindo depois de nossa estranha noite de amor?".
Ela pensou durante todo o dia no seu amado, reunindo forças para
enfrentar sua primeira noite no bordel de luxo.
Curiosamente, a expectativa de entregar-se a estranhos não a
incomodava. Desde a revelação de sua condição, ela não se reconhecia
naquele corpo. Não sentia que tivesse que zelar dele.
Eram nove da noite quando Jeitosinha entrou no fusca de Arlindo, rumo
à casa de encontros. O local ficava próximo, mas era preciso percorrer
um pequeno trecho numa estrada pouco movimentada.
Justamente quando passavam pela parte mais escura e deserta do
percurso, uma luz surgida do nada cegou momentaneamente Arlindo,
impedindo-o de dirigir. O rapaz pisou no freio abruptamente. Antes que
pudessem esboçar qualquer reação, as duas portas do carro foram
abertas, e o casal foi retirado de dentro do veículo por mãos
poderosas.
Pouco antes de tomar uma descarga elétrica que a faria perder os
sentidos, Jeitosinha pôde ver a face de seus raptores: eram
homenzinhos verdes vestindo estranhos macacões prateados.
Jeitosinha e Arlindo nas mãos de ETs!
Confira amanhã o próximo e emocionante capítulo!"
(Autor Desconhecido)
Texto adaptado por Tina Chaves